terça-feira, 28 de dezembro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

MANIFESTO DOS PROFESSORES E STAs COM DILMA


Estimados estudantes, professores e técnico-administrativos da UFPEL, Prezados cidadãos e cidadãs pelotenses.

Somos professores e técnico-administrativos de diversos cursos e unidades acadêmicas e administrativas da Universidade Federal de Pelotas e viemos a público firmar nosso convicto apoio à candidatura de Dilma Rousseff à presidência da República.

Nosso apoio se funda na importância da continuidade do trabalho iniciado no governo Lula para a universidade brasileira, para a região e para o país.

O governo Lula, após anos de sucateamento promovido pelo governo FHC, do qual o candidato José Serra foi um dos protagonistas, iniciou um eficiente processo de valorização do ensino público federal, por meio da expansão do ensino superior e do ensino técnico. Estes investimentos têm trazido importantes resultados para Pelotas: a expansão da UFPEL e do IF-Sul significou a contratação de centenas de professores, a abertura de milhares de vagas para estudantes, a aquisição de equipamentos e a expansão da estrutura física, o aumento do número e valor de bolsas, verbas para pesquisa e projetos de extensão. Essa ampliação também repercutiu de forma positiva na dinâmica da economia pelotense.

Contudo, é de ciência da comunidade acadêmica que o REUNI ampliou a estrutura do ensino superior no Brasil, e precisa agora de manutenção e qualificação daquilo que foi erguido ou está em processo de consolidação.
 
Vemos a candidatura de José Serra como um risco de interrupção deste processo. Traria resultados catastróficos para nossa universidade e para nossa cidade, bem como para o ensino superior como um todo em nosso país.

A candidatura Dilma Rousseff representa a continuidade de um conjunto de ações e investimentos federais que têm contribuído de forma determinante para a retomada do desenvolvimento em nossa região: os investimentos na UFPEL, FURG, IF-Sul e UNIPAMPA somam-se a tantos outros, como a expansão do Porto de Rio Grande, a indústria naval, a duplicação da BR. Além do avanço do ensino e da cultura, significa a expansão do emprego. Dilma representa o compromisso com a continuidade da política de descentralização dos investimentos federais. Contrariamente, o governo de FHC, representado por Serra, tinha como prática a centralização dos recursos nos ditos “centros de excelência”, precarizando a universidade pública brasileira.

No que se refere ao relacionamento do Governo Federal com as universidades, hoje existe um clima positivo de diálogo respeitoso, diferentemente do ocorrido no passado.

Diante do risco representado à nação pela candidatura de Serra, vários intelectuais e artistas brasileiros têm manifesto, nos últimos dias, de forma veemente, seu apoio a Dilma Rousseff. Continuidade do governo Lula, está comprometida com os investimentos na ciência, na educação e na cultura.

Tomamos a liberdade de nos apropriarmos das palavras de Oscar Niemeyer, que, do alto de seus 102 anos de idade, argumenta que Dilma representa o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que “pela primeira vez deixou o povo brasileiro sorrir um pouco”.

O voto em Dilma é um voto pela UFPEL, pelo desenvolvimento de Pelotas e região. O voto em Dilma também é um repúdio ao preconceito, ao uso da difamação e calúnias como arma política.

Pelotas, 22 de outubro de 2010.

1. Acelino Alves Borges – STA/aposentado
2. Adair Fagundes Soares – STA/aposentado
3. Adão Zair - STA/Aposentado
4. Adriane Luisa Rodolpho (Antropologia/ICH)
5. Adriano Moraes de Oliveira (Teatro/IAD)
6. Afra Suelene Mendonça (Faculdade de Enfermagem)
7. Agostinho Mario Dalla Vecchia (FaE)
8. Álbio Ferreira Costa – STA/PRGRH
9. Alcir Nei Bach (Geografia/ICH)
10. Alfredo Luis Mendes d'Avila (Centro das Engenharias)
11. Alvaro Barreto (ISP)
12. Álvaro Borges de Araújo - STA/Aposentado
13. Amauri Barcelos (Engenharia Sanitária e Ambiental)
14. Amilcar Barum (IFM)
15. Anderson Lobato (Faculdade de Direito)
16. Andrea Czarnobay Perrot (Centro de Letras e Comunicação)
17. Angela Julia Abreu Rodrigues - STA/HE
18. Angela Machado Tavares (STA/ICH)
19. Aniê Coutinho de Oliveira (ESEF)
20. Anna Cristina Karini Martins (STA/ PPGCS/ISP)
21. Antonio Augusto da Silva Azambuja - STA/PRIE
22. Antonio Carlos Cleff - STA/FaUrb
23. Ari Dalvo Rossler Carré - STA/IB
24. Ari Wickboldt - STA/PRIE
25. Aristeu Lopes (História/ICH)
26. Aulus Mandagará Martins (Centro de Letras e Comunicação)
27. Avelino da Rosa Oliveira (FaE)
28. Barto Olivan Rosa de Freitas - STA/PRIE
29. Beatriz Ana Loner (História/ICH)
30. Carlos Alberto Santos (IAD)
31. Carlos Antônio Pereira Campani (Matemática e Estatística/IFM)
32. Catharina Beatriz dos Santos Motta (STA/IFM)
33. Celeste S. Pereira (Faculdade de Enfermagem)
34. Clademir Araldi (Filosofia/ISP)
35. Cláudio Baptista Carle (Arqueologia/ICH)
36. Cláudio Barros Goulart - STA/Aposentado
37. Conceição Paludo (FaE)
38. Cristina Gevehr Fernandes (Veterinária)
39. Daniel Maurício Viana de Souza (Museologia/ICH)
40. Daniele Fonseca (Conservação e Restauro/ICH)
41. Darci Cardoso da Silva - STA/FAEM
42. Dartagnan Padilha Vieira - STA/FaE
43. Denir Domingues Cunha - STA/Aposentado
44. Denise Bussoletti (FaE)
45. Dione Dias Torriani (Odontologia)
46. Eder Joao Lenardao (DQAI-IQG)
47. Edgar Barbosa Neto (Faculdade de Turismo e Administração)
48. Edgar Gandra (História/ICH)
49. Ediane Sievers Acunha – STA/IFM
50. Edimar Gonçalves Ribeiro - STA/HE
51. Eduardo Fontes Henriques (Física/IFM)
52. Eliana Povoas Brito (CEAD)
53. Eliane Pardo Chagas (ESEF)
54. Eliane Peres (FaE)
55. Elisandro Schultz Wittizorecki (ESEF)
56. Erika Collischonn (Geografia/ICH)
57. Evandro Piva (Odontologia)
58. Éverson da Silva Mascarenhas - STA/IAD
59. Éverton da Cunha Maciel - STA/IAD
60. Fabiana Seixas (Biotecnologia)
61. Fabiane Tejada da Silveira (IAD)
62. Fábio Kellermann Schramm (FAT/UFPel)
63. Fábio Vergara Cerqueira (História/ICH)
64. Flávia Maria Silva Rieth (Antropologia/ICH)
65. Flávio Demarco (Odontologia)
66. Flávio Reina Abib - STA/CAVG
67. Florismar Oliveira Thomaz (ESEF)
68. Francisca Ferreira Michelon (IAD)
69. Francisco dos Santos Kieling (Pedagogia a Distância/UAB/CEAD)
70. Francisco Pereira Neto (Antropologia/ICh)
71. Geonir Machado Siqueira (IQG/DQO)
72. Gerson Roberto Neumann (FL)
73. Giancarla Salamoni (Geografia/ICH)
74. Gilceane Caetano Porto (FaE)
75. Giovanni da Silva Nunes (IFM)
76. Isabel Porto Nogueira (IAD)
77. Joanna Darc Correa Marcello Machado (STA/FaE)
78. João Alberto dos Santos Pedroso (STA/FaE)
79. João Alcides de Souza da Cunha - STA/FV
80. João Hobuss (Filosofia/ISP)
81. João Vicente Cardoso de Mattos - STA/ESEF
82. José Carlos Brandão Garcia - STA/Aposentado
83. José da Costa Sacco (Professor Titular/Aposentado/Botânica/IB)
84. José Fernando Kieling (CEAD)
85. José Lúcio da Silva Tavares - STA/CI
86. Julieta Maria Carriconde Fripp (FAU)
87. Leila Macias (Depto de Botânica, IB)
88. Leticie Mendonça Ferreira (IFM)
89. Liader da Silva Oliveira - STA/FaUrb
90. Lígia Cardoso Carlos (FaE)
91. Lisandra Sauer (Matemática e Estatística/IFM)
92. Lisiane Sias Manke (História/CAVG)
93. Loiva Soares Vargas - STA/FV
94. Lorena Almeida Gill (História/ICH)
95. Lori Altmann (Antropologia/ICH)
96. Lucia Peres (FaE)
97. Luciane Prado Kantorski (Faculdade de Enfermagem)
98. Luciano Volcan Agostini (IFM)
99. Luís Rubira (Filosofia/ISP)
100. Luiz Alberto Brettas (Matemática e Estatística/IFM)
101. Luiz Carlos Boemeke Junior - STA/IB
102. Luiz Carlos Rigo (ESEF)
103. Luiz Filipe Damé Schuch (Veterinária)
104. Luiz Paiva Carapeto (Faculdade de Veterinária -HCV)
105. Manoel Vasconcellos (Filosofia/ISP)
106. Mara Lúcia Vasconcellos da Costa - STA/ICH
107. Marcelo Ramos Ramirez - STA/HE
108. Márcia Alves (FaE)
109. Márcia Bueno Pinto (Odontologia)
110. Márcia Espig (História/ICH)
111. Márcia Ondina Vieira Ferreira (FaE)
112. Maria Antonieta Dall'Igna (FaE)
113. Maria da Graça G. Ramos (FAT)
114. Maria de Fátima Alves Vieira (Nutrição)
115. Maria de Fátima Cóssio (FaE)
116. Maria de Fátima Duarte Martins (FaE)
117. Maria de Lourdes Bogacki - STA/Aposentada
118. Maria José Blaskovski Vieira. (Centro de Letras e Comunicação)
119. Maria Letícia Mazzucchi Ferreira (Museologia/ICH)
120. Maria Suzana Mendes - STA/Aposentada
121. Maria Tereza Tavares Fujii - STA/CI
122. Mariângela Silveira Bairros (FaE)
123. Mauro Augusto Burkert Del Pino (FaE)
124. Maximiano Guimarães Neves - STA/CAVG
125. Mirela Meira (FaE)
126. Moira Stein (Teatro/IAD)
127. Nara Nilcéia da Silva Santos (Turismo / FAT )
128. Nélson Araújo Cabelleira - STA/FaUrb
129. Ney Vátimo Bruck (FaE)
130. Nilton Ferreira dos Reis - STA/PRIE
131. Nilton Jalvan Ribeiro - STA/IB
132. Nilton Moraes Granada - STA/Aposentado
133. Nirce Saffer Medvedovski (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo)
134. Noris Leal (Museologia/ICH)
135. Orgaides Silveira Medeiros - STA/FM
136. Paulo Cesar Possamai (História/ICH)
137. Paulo Fernando Nunes Duarte - STA/Aposentado
138. Paulo Gaiger (Teatro/IAD)
139. Paulo Koschier (STA/ICH)
140. Paulo Ricardo Mendes Prestes - STA/PRIE
141. Paulo Rigatto (FAEM)
142. Paulo Roberto Krebs (Física/IFM)
143. Paulo Toribio Fernandes Rocha - STA/Aposentado
144. Pedro Antonio S. Besko - STA/FAEM
145. Rafael Guedes Milheira (Arqueologia/ICH)
146. Regiana Blank Wille (IAD)
147. Rejane Almeida Ribeiro - STA/CAVG
148. Renata Azevedo Requião (Centro de Letras e Comunicação)
149. Renata Menasche (Antropologia/ICH)
150. Rita de Cássia Morem Cóssio Rodriguez (Botânica/IB)
151. Roberito Heiden (Conservação e Restauro/ICH)
152. Rogério Tavares Constante (CM)
153. Rosa Elane Antoria Lucas (Geografia/ICH)
154. Rosane dos Santos Brandão – STA/IAD
155. Rosane Silva de Mello - STA/IQG
156. Rudi Gaelzer (Física/IFM)
157. Rui Antonio Dutra Vahl - STA/PRIE
158. Sandra Demarco (Odontologia)
159. Sandro de Castro Pitano (Geografia/ICH)
160. Sebastião Peres (História/ICH)
161. Sérgio Batista Christino - STA/Letras
162. Sérgio Eloir Teixeira Wotter - STA/HE
163. Sérgio Ricardo Strefling (Filosofia/ISP)
164. Simone Portella Teixeira de Mello (Administração/FAT)
165. Taís Ferreira (Teatro e Dança/IAD)
166. Tânia Maria de Paula Feijó – STA Aposentado/ICH
167. Tanizia Bender - STA/PRGRH
168. Terezinha Fujita (FaE)
169. Thiago Colombo de Freitas (Conservatório de Música)
170. Thiago Silva de Amorim Jesus (DMAC/IAD)
171. Tiago Collares (Biotecnologia)
172. Urania Pereira Sperling (Turismo/ FAT)
173. Vanessa Caldeira Leite (Teatro/ÍAD)
174. Vânia Loureiro (STA)
175. Venceslau Medeiros Férsula - STA/Aposentado
176. Vera Maria de Oliveira Lopes - STA/Federal FM
177. Verno Krug (FaE)
178. Verônica Caldeira Leite - STA/IQG
179. Virgínia Alves (IFM)
180. Vitor Hugo Silva dos Santos - STA/HE
181. William Héctor Gómez Soto (Sociologia/ISP)
182. Wilson Marcelino Miranda (DAV/IAD)
183. Zedeni da Silva Braun - STA/Aposentada

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Precisa Dizer Mais???

E Serra é o maior responsável pela privatização da Light e da Vale do Rio Doce (hoje VALE)...

Precisa dizer mais???

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Para quem não sabe ainda, somos 'INTERNACIONAL', portanto, é muito importante termos nosso Hino em vários idiomas...



E que os Árabes aprendam logo...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mas e o que tem de político eleitoral nisso?

Bueno, espero que me entendam. Não consigo ver, nessa falácia da quebra de sigilo na Receita, uma verdadeira motivação eleitoral. Sério! E nem é porque vou votar na Dilma. É que para mim isso é um caso de polícia e não de política.

Quando começou essa história até pensei que podia ter uma motivação eleitoral. Mas tudo ocorreu ano passado e, refletindo melhor, me dei conta de que não é nenhuma novidade. O próprio Serra já teve seus dados vendidos na calçada em São Paulo - e olha que ele nem ficou esperneando daquela vez (é só olhar a reportagem do SBT, abaixo).

Como caso de polícia é, aí sim, muito sério. Sabemos que empresas vendem seus cadastros de usuários e é por esse motivo que, vez que outra, recebemos em nossos e-mails ou caixa de correspondência ofertas "imperdíveis" de crédito, remédios estimulantes e, graciosos e santificados vírus (aos milhões). Quanto a dados da Receita Federal, aí já fica mais complicado, pois além de saber quanto o ser humano ganha, o receptador passa a saber onde mora a vítima, quais seus telefones, nomes dos dependentes e bens que ela possui. Por esse motivo deve ser alvo de investigação da Polícia Federal - diga-se de passagem, a que mais tem trabalhado no Brasil nos últimos anos.

Penso que, como toda a campanha do candidato tucano, essa é mais uma estratégia furada para tentar reverter um quadro, para ele, de derrota acachapante. Primeiro usa o Lula na campanha e não o FHC (que anda falando mal da campanha do amigo), depois passa a exibir seu programa na TV como um palanque de ataque à Receita Federal e de defesa da pobre filha aviltada em seus direitos - ATENÇÃO! Aquele espaço não é para mostrar propostas de governo?

Para finalizar, a última grande pérola do Serra saiu agora, é fresquinha. A grande frase atual do homem que acha que gripe suína se pega quando um porco espirra na nossa cara, é de que "Lula só voltará ao poder se eu ganhar". Bárbaro, já está admitindo que seu governo (caso ele existisse) seria uma "m" tão grande que o Lula voltaria a ser Presidente em 2014. Ou seria pior? Será que o Serra pretende apoiar o Lula 2014 (seria engraçado ver ele e o FHC cantando "Lula Lá").

Sem mais comentários!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nunca te vi, sempre te amei.

Mateus tinha tudo para não se interessar por futebol, e menos ainda pelo Inter. Nunca viu o sol, uma árvore, os olhos verdes da morena ou a torcida cantando no estádio, o que muitos consideram o toque mágico para uma criança se encantar pelo mais apaixonante dos esportes e definir o time do coração. Nasceu cego.
 
O pai, a mãe e os dois irmãos são gremistas. Tentaram convertê-lo. Em vão. Um sentimento que Mateus tem dificuldade de explicar fez dele colorado ao ponto de ver proezas como a que o Inter sonha consumar hoje com o bi da América.

É nesta condição que Mateus, 14 anos, lutará com o Inter hoje. O verbo ver consta do dicionário de Mateus. Assim, ele viu, e é capaz de descrever, o gol de Adriano Gabiru na final do Mundial contra o Barcelona. Nos últimos quatro anos, construiu aos poucos o gol no seu imaginário. Ouviu dezenas de vezes a narração de Pedro Ernesto na Gaúcha. Leu tudo sobre o jogo na internet, com um software que narra os textos selecionados no teclado especial. Conversou com amigos. Sob inspiração do gaúcho e amigo Ricardinho, o Pelé da Seleção Brasileira de futebol para cegos, tornou-se atacante de habilidade. Já está marcando gols naAssociação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs). Seus dribles o ajudam a ver com nitidez a bola entrando em Yokohama.

– O Iarley dominou no meio, girou sobre um zagueiro e deu ao Gabiru. Aí ele acertou no contrapé do goleiro – diz Mateus, com precisão.

Aluno do Santa Luzia, Mateus cumpre ritual para torcer

Mateus queria muito ir ao jogo contra o Chivas, mas não vai. Deficientes visuais têm acesso livre e área especial no Beira-Rio, mas não há como entrar sozinho. Alguém precisa guiá-lo, e este alguém não conseguiu ingresso. Então, Mateus vai cumprir o ritual de sofrimento em casa, onde caminha sem auxílio por todos os cantos. Três horas antes do jogo, acionará os seus olhos no futebol: o radinho.

– Estou sempre com o radinho, embora nada se compare a ir ao estádio. Já fui na Popular. Eles usam bandeiras e colocam faixas de apoio em vermelho. Não há como descrever como é o vermelho, mas sei que é uma cor forte. Tudo a ver, portanto – ensina Mateus, com singeleza e humor que chega ao sublime quando, horas antes dos jogos, ele sai do quarto, vai até a sala e diz sorrindo para os gremistas da casa: “tá, podem ligar esta tevezinha aí que vai começar”.

É o momento de vestir a camiseta branca escrito atrás Libertadores-Recopa-Mundial e fechar a porta do quarto. Ritual completo. Mas o que seria exatamente o branco para Mateus, cujo ressecamento incurável na retina o impede de enxergar desde o primeiro suspiro de vida?

– Meu pai ensinou que é mais claro. Vejo tudo escuro, mas quando tem luz sinto um calor nos olhos. Fica diferente.

Mateus Roberto de Souza Gusmão, da 8ª série do Instituto Santa Luzia, suspeita que não conterá o choro de alegria se o Inter se abancar no panteão dos vencedores novamente. Quatro anos depois de 2006, se tudo der certo hoje, talvez demore menos para construir a visão do ídolo Bolívar – a quem gostaria de ter a chance de dizer “eu acredito em você” hoje – erguendo a taça. Uma imagem que pode ser mais bonita do que a real.

Mateus já não faz muita questão de ver de verdade. Para Rejane, a mãe incansável, disse certa vez que não havia mais necessidade de buscar a cura impossível, conforme atestam os médicos.

– É até bom não ver. Tem muita coisa neste mundo que eu não gostaria de ver. A violência na rua, por exemplo. Sou feliz assim. E vou ficar muito mais feliz se o Inter for campeão de novo. Porque o Inter é...sei lá... é tudo. O Inter é tudo.

Mateus nunca viu, mas sempre amou o Internacional.

Diogo Olivier - Zero Hora

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Avante! Óh vítimas da fome (de conhecimento)!

Não, não estou a escrever sobre futebol e a possível conquista COLORADA na quarta!

Mas estou sim preconizando o ataque como a melhor forma de ganhar...

Tá, já explico. Outro dia o amigo Álvaro me repassou uma carta de uma professora a revista não-veja (sim, em letras minúsculas mesmo). De antemão aviso que não verifiquei a autenticidade da mesma. Não sei se existe a professora, se ela mandou mesmo aquele texto, etc. Isso realmente não importa. O que importa é uma idéia (ou ideia) que sobressaltou-se naquele e-mail. Está na hora de atacar!

É o seguinte, nos últimos anos os setores preferencialmente à direita da sociedade (leia-se os mais ricos e conservadores) descobriram o verdadeiro problema da Nação: o Professor!

Isso mesmo, é o professor (para eles sempre com letras minúsculas) e não a educação. Nem mesmo o sistema de ensino que, como sabemos, é diferente do conceito de educação. Este se adquire em casa, no convívio social, no exemplo e diálogo com os mais experiente. Aquele tem por maior objetivo aparelhar crianças e jovens para o convívio profissional, cultural, econômico e, também, social. Concluindo esse parágrafo, não é na escola que se aprende a pedir licença e agradecer – lá apenas exercitam-se e aprimoram-se esses e tantos outros ensinamentos advindos do lar.

Mas o que me motiva a escrever aqui é que, nós que trabalhamos com educação, precisamos parar de nos defender. Mandemos às favas economistas, empresários, políticos, jornalistas, advogados, médicos, videntes, o papagaio da vizinha e todos aqueles que não entram e nunca entrarão numa sala de aula dos dias atuais, mas sentem-se muito a vontade para dar receitas, mostrar o que está errado e dizer que o professor tem que parar de reclamar de salários e excessiva carga horária e começar a exercer sua “vocação” bem! ÀS FAVAS SENHORES! Com todo o respeito, é claro.

Passemos, Professores, Servidores de Escolas, Profissionais realmente envolvidos com o sistema de formação de professores e de ensino, a repudiar e negar a legitimidade desses mal-intencionados que vêem a possibilidade de deleitar-se com o som da própria voz, ou as manchas da própria ignorância no papel, atacando os profissionais do ensino.

Nós que trabalhamos com e para a Educação, sabemos muito bem que o problema da sala de aula atual está em casa e na sociedade que não valoriza o conhecimento, que ridiculariza o ensino e que, omissa, culpa os profissionais errados pela própria frustração.

Veremos todos, nas próximas décadas, gerações de revoltados contra a escola. Mas dentre essas gerações, alguns poucos dar-se-ão conta de que de podem ficar revoltados, essa revolta deve voltar-se ao próprio pai e a própria mãe, que não os amparou e OBRIGOU a estudar. Ou então, revoltar-se-ão contra políticos, economistas, advogados, empresários, etc. que enganaram a sociedade com a idéia de que a culpa era dos professores.

Logo, se posso aconselhar alguém sobre o que fazer em relação aos tecnocratas plantonistas da ignorância. AO ATAQUE! Quando um energúmeno desses começar a falar de educação, desconstruamos seu discurso mostrando que a sala de aula não é o chão da fábrica, não é a planilha eletrônica, muito menos o palanque da fala fácil e desprovida de compromisso.
É isso!

___________________
PS.: Em tempo. O título é uma estrofe do Hino À Internacional Socialista.

Comparando

Esse vídeo é só para aqueles que não são "anti", pois pra esses nada que seja "pró" parece servir...



Sim, DILMA 2010!

sábado, 14 de agosto de 2010

Serra é o Genérico...

Então... segundo analistas ouvidos pela Globo News, Serra é o genérico...



Se ouviram até o final... fica apenas um posicionamento... SEM COMENTÁRIOS...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Lindo Pôr-do-Sol no Japão...

No Sul do Sul, para os que me compreendem, até os neurônios custam a engrenar seu funcionamento... pois eis que, voltando para a Terra do Doce, ao deparar-me com as cenas abaixo, não consegui definí-las senão como um pôr-do-sol... até encontrar o difícil termo alvorecer eu e meus companheiros de regresso cunhamos um novo e passamos a compreender esse começo de dia como um pôr-do-sol japonês... hehehehe...

Seja como for, o espetáculo do ressurgimento do sol foi lindo... inda mais que tínhamos geada por todos os lados...






"Um dia frio... um bom lugar pra ler um livro... um pensamento lá em você (s), pois sem você (s) não vivo..."

terça-feira, 27 de julho de 2010

Tocando em Frente...

Porque também somos capazes de boas obras...



Cada um de nós compõe a sua história
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz... e ser feliz!

...

Para que ninguém esqueça! Para que nunca mais aconteça!

"Eu estou depressivo… sem telefone… dinheiro para o aluguel… dinheiro para o sustento de criança… dinheiro para dívidas… dinheiro!!!… Eu estou sendo perseguido pela viva memória de matanças, cadáveres, cólera e dor… pela criança faminta ou ferida… pelos homens loucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policial, assassinos…"

O trecho acima é uma parte da carta de suicídio do fotógrafo Kevin Carter (1960 - 1994), que em 1993 registrou a cena ao lado, ganhando o prêmio Pulitzer.

Penso ser improvável que, no momento em que escrevo esse texto, ou no momento em que você o está lendo, tal cena não esteja repetindo-se em algum lugar no hemisfério sul (talvez até mesmo no nosso quintal - metaforicamente falando).

Não escrevo para chocar, acusar-nos de complacentes, desalmados, desumanos. Veja bem a marcação do "nos", que me inclui na presente sentença. Escrevo para compartilhar uma esperança, talvez mais um desejo. Enquanto NOS preocupamos com nossas vidas pequeno-burguesas, nossas contas, dívidas, anseios de consumo, nesses mesmos lugares onde a humanidade mostra sua face mais cruel e medíocre, homens e mulheres dedicam suas vidas para minimizar o sofrimento e levar fé e vida aos tantos que necessitam.

Sei que nosso estágio evolutivo ainda permite que sejamos algozes e vítimas de realidades assim. Precisamos melhorar muito para chegarmos a um patamar minimamente humano (no sentido que gostamos de pensar que o termo tem). Mas isso é possível no dia-a-dia, em pequenas atitudes e gestos de caridade.

Seja compartilhando o que temos, no auxílio a entidades reconhecidamente sérias, no trabalho de limpeza de nossos abarrotados guarda-roupas, da distribuição farta de sorrisos e abraços, na busca constante por melhorarmo-nos a cada dia, estaremos concorrendo para a melhora do nosso ambiente e, consequentemente, na melhora da humanidade.

Quanto a imagem e o que ela fez ao seu produtor. Bueno, teve um cara que disse, há uns 2000 anos que "os escândalos são necessários, mas ai de quem os produzir" (mais ou menos isso). O pobre do Carter cumpriu um papel fundamental de denúncia de nossa hipocrisia enquanto povos civilizados do Ocidente, em que pese ter pago com a vida o cumprimento de penosa função.

Seja como for, trabalhemos como as formigas, dentro de nossas possibilidades para que, parafraseando grupos que lutam por justiça em relação ao regime militar no Brasil, "ninguém esqueça e que nunca mais aconteça".

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Milagre de Berna!


O que mesmo fazia ele, sentado sozinho dentro daquele vagão de trem? Rememorando os últimos meses, enquanto esperava o filho retornar do convívio dos campeões, descobriu naqueles dias a efetivação de um milagre.
O pai, a cruz, as lembranças. Aquele despedaçado homem via-se diante de si mesmo como nunca houvera feito antes. Buscava ali, frente ao altar com suas velas crepitantes e sua luz difusa, um sentido e muitas respostas. Encontraria um recomeço.
A lembrança lhe era vívida e doída. Sacado das profundezas seguras da terra fora jogado num conflito que lhe era desprovido de maiores significados. O frio, a fome, o perigo e o medo sim, esses compreendia bem. A liberdade atual, contraste de um longo cativeiro, mais concorria para a confusão dos sentidos.
Os últimos dias cobriam de tons cinzas seu olhar. O antes seguro provedor familiar tornara-se um peso na configuração do lar. Uma década e muitas mudanças. A filha lhe mostrava os traços da mãe. A mãe envelhecida pelo tempo e pelas agruras do dia-a-dia. O filho lhe afrontava. Era já um homem. Afeitos às artes musicais, ainda por cima desafiava-lhe com idéias comuns aos seus inimigos. Isso não podia admitir. Logo ele que tanto sofrera na mão dos “vermelho”. Mas também, o que tinha seu povo de perturbar aquela gente tão acostumada com o gelo? Pensava mesmo que o dirigente da nação esquecera-se de cuidar de seu povo, inebriado pelo álcool do poder.
Mas algo no seio familiar agredia-lhe mais o retorno. Partira sem conhecer que o tempo tinha esperas para entregar. O regresso lhe revelou outro rebento. Mocinho feito. Personalidade forte. Vontades próprias.
E aquela cruz lhe mostrando que somos todos falhos. E o alfinete da consciência lhe mostrando as falhas do retorno. O que mesmo estava a fazer no ambiente sagrado? De certo mais fácil seria o consolo da bebida. Mas tantas foram as dificuldades dos últimos anos que não criaria outra agora.
Absorto em seus pensamentos viu surgir a seus pés o manto negro que, ainda não sabia, lhe indicaria o caminho. A conversa fora longa. Cordial. Sincera. Não raros os momentos banhados por lágrimas que, por certo, não molhavam o rosto do padre. Um vez sim, o pastor de almas chorou. Foi quando ouvia a narrativa do exílio forçado e privado de liberdade do pobre homem.
Ao final, horas passadas, a esperança reencontrada e a certeza de que tudo seria diferente. Não por ter visto uma forma de modificar os seus. O padre mostrara-se alma caridosa e sábia, de modo que sem dizer, apontou o único caminho que lhe podia conduzir à paz. Compreendera no filho paroquial a dor da lembrança e o deslocamento do retorno. Sem muito falar foi conduzindo o diálogo pelo caminho que possibilitou àquele pai ver novamente na família um porto seguro. Seu mundo mudara muito na última década e ele haveria de mudar também.
Em casa as tensões começaram a diminuir, o cinza começava a transladar-se para tons mais vívidos e reconfortantes em sua vida. Os sorrisos multiplicavam-se e o sono já lhe era mais tranqüilo. Foi quando o momento inesperado apontou-lhe a possibilidade de conquista do herdeiro mais novo. Juntos, pai, filho e veículo emprestado foram atravessando a Alemanha rumo ao sul e, quase mil quilômetros depois, chegaram a Berna.
Aquele ano de 1954 havia sido mesmo estranho. A liberdade, vários reencontros, a dura readaptação e o recomeço. Os coelhos da discórdia. De modo que estar ali, defronte um estádio de futebol, vendo o filho fugir da chuva e, esgueirando-se por espaços improváveis, entrar na arena, até nem lhe parecia tão incomum assim.
As últimas horas de convívio tinham aproximado pai e filho e, ao regresso radiante do jovenzinho seguira-se um longo, afetuoso e libertador abraço. Pai e filho num novo começo, num momento de aceitação mútua que indicava um futuro certamente melhor.
Os acontecimentos seguintes empurraram-nos para o trem dos heróis. Hermut Rahn, Fritz e Ottmar Walter, os aplausos, as muitas cervejas e, como um passe de mágica, o retorno a solidão daquela cabine de trem.
Tudo ficou claro. Não havia dúvidas. Vivenciava um milagre. E embora todos estivessem convictos de que a ação divina dera-se com a vitória alemã sobre a estonteante Hungria, ele, e somente ele, sabia que o verdadeiro Milagre de Berna havia posto definitivamente o pai de volta ao convívio da sua família e de si mesmo.

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Gostou? Não entendeu nada? Quer saber mais? Acesse: O Milagre de Berna

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Amanhecer no Laranjal




Um nascer do sol é um espetáculo para tocar o caração de poucos. Os poucos que conseguem acordar de madrugada. Ou que ainda não foram deitar. Seja como for, essas imagens são do começo da manhã (não necessariamente o nascer do sol). Mas é Laranjal e um belo sol.
Para os que aqui não mais estão e sentem saudades... boa vista!

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PS.: As fotos são minhas!

Um dia de Fúria... na vida de DUNGA!!!

Dá até pra rir....



E FÚRIA neles....

terça-feira, 6 de julho de 2010

Veja o que pensa Eduardo Galeano sobre o futebol...

Galeano – É uma religião nacional. A única que não tem ateu. Somos poucos: 3,5 milhões. É menos gente do que um bairro de São Paulo. É um país minúsculo. Mas todos futebolizados. Temos um dever de gratidão com o futebol. O Uruguai foi colocado no mapa mundial a partir do bicampeonato olímpico de 1924 e 1928, pelo futebol. Ninguém nos conhecia.

Bela reportagem da ZH com fotos de Nauro Júnior e texto de Diogo Olivier. Quer saber mais? Confira os links!

É o que nos resta... enquanto ainda podemos

Já que não é pra nós, que seja para los hermanos celestes...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ainda sobre futebol e vida

O que dizer de uma seleção que ganha muito durante três anos mas perde um duelo que lhe vale a vida?
Nada! É só um grupo de atletas que representa as esperanças esportivas de uma nação! Não deve passar disso, pelo menos.
O problema reside no fato de dar-se muito valor aquilo que é uma parte da sociedade. Canais esportivos, programas intermináveis tentando achar culpados, fantásticos jornais nacionais brigando por audiências virtuais e fazendo tudo para vender seus produtos de intervalo.

Voltando a pergunda inicial. Não soa forte de mais a palavra "vida"? Tenho certeza de que isso saltou aos olhos de todos. Não? 
Pois bem, aí está o problema. Transformamos um esporte, que faz parte da, na própria vida. Na realidade, nossa compulsão por informações da seleção, da copa, dos jogadores, etc. nos mostra que estamos, na verdade, sendo reducionistas quanto ao mundo.
O esporte tem seu papel fundamental de criar oportunidades e exemplos de vitória (na vida). Mas o que importa mesmo é que tivéssemos todo esse entusiasmo nas demais demandas do dia-a-dia: saúde pública, educação, segurança, política, etc.
NÃO! Isso eu não quero! Me deixa ficar quieto tentando entender porque o evangélico não tá jogando bem. O que tem de errado na atitude do "anão". O que o carioca-mineiro fez com a mãe de seu rebento (ops, esse não foi pra copa).
Pensar dói. Pensar compromete. Pensar liberta!
Pensemos nisso...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre Seleção e Vida!

Há algum tempo algo me incomodava na Seleção Brasileira (de modo geral nos esportistas que representavam nosso país mundo afora). Hoje relembrei esse incômodo, mas de forma invertida.
Certo, eu explico! Nosso país tem inúmeros exemplos negativos (e a mídia ainda dá uma força repetindo-os a exaustão). Pois bem, ver todos os "trogloditas" do grupo Canarinho cantando (alguns fervorosamente) o Hino Nacional, sabendo a letra. Esse é um exemplo que devemos exaltar. Chega daqueles "galáticos" que nem sabem o nosso Hino, quem foram os "heróis" do futebol nacional... enfim, que não estão nem aí para o país que defendem.
De mais a mais, o simples fato do Dunga (um mal educado com carteirinha e tudo) não tem chamado um melhor atacante por conta de suas atitudes fora de campo mostra que o que importa mesmo não é apenas a conquista. O que importa é a vitória na vida e não apenas nos campos.
É bem verdade que alguns dos 23 eu também não chamaria... mas não sou o técnico e ainda não existe perfeição nas atitudes humanas.
De resto, a eliminação é para aqueles que estão no torneio. Faz parte da disputa. E agora podemos voltar a vida normal.
Força Brasil!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Crime!

Sorvendo um amargo, deparo-me a olhar uma luz no improvisado condeeiro ao fundo da sala.
São longos os minutos de devaneio. A ponto mesmo de fazer gelar o mate. Um crime!
Aquela vela solitária, sobre formas geométricas (um losango separando círculos, um côncavo, outro convexo), remete meu pensar a beleza de textos bem produzidos.
É a poesia presente em Roberto Carlos, Chico, Vinícius, Ramil (o Vitor, que tem qualidade) e tantos outros que me emudece a caneta. Torna sofrível um ato simples de escrita. Simples? Pois, por certo, nada de simples tem um processo que foge ao singelo ato de imprimir tinta à celulose.
O lume daquele pavio me faz recordar a tamanha qualidade em escritas que, utilizando-se apenas de fonemas, nos remetem aos sentimentos do autor. O "cálice" contra a ditadura, com todas suas possíveis interpretações. A "cavalgada" que reveste de poesia e aceitação a descrição de um ato sexual. O louco inventor que implora ao amigo a morte, posto que o frio lhe é pior castigo.
Mas nada disso nos impacta, se a luz do conhecimento de mundo estiver encoberta pelas trevas da ignorância e pela mesquinhez de pensamento. Sobretudo, nada, absolutamente nada disso tem significado se a cuia esfria e a alma gela com o descuido do cevador.
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* Texto criado para o curso de Leitura e Produção Textual, inspirado no exercício proposto pelo professor Luis Amaral, que consistia em observar uma vela acesa e escrever sobre a bucólica cena.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ai, Ai! Como não torcer pro Brasil?

Foto by Jack Koschier

Punta Del Diablo (Uruguai) 2005

Um belo feriado prolongado... frio, vinhos e várias Patrícias...

Sobre Bullyng

Muito vem sendo falado sobre essa prática quase "milenar" que envolve crianças e adolescentes em ambiente escolar. O que começa com um apelido, risos pelas costas, dedos apontados, etc. teve, há algumas semanas, o "ápice" de seu desenvolvimento: um jovem de 14 anos matou com um tiro um outro de 15.
Agora nos assustamos!
E se fosse nosso filho? Mas não apenas a vítima. Se o nosso filho fosse o assassino?
Bueno, vejamos algumas questões. Primeiro, esse nível de relações interpessoais que hoje tem um nome inglês ocorre na vida escolar há muito tempo: ou vai me dizer que nunca fostes apelidado ou apelidastes alguém? Alguns de nós até brigamos na escola e isso não nos matou.
Além da constatação anterior, não podemos negar as transformações que fizeram a geração anos 80 (em sala de aula) parecer ingênua. Um nível assombroso de informações. Uma liberdade extrema para fazer quase tudo em ambiente escolar (e fora também). Uma geração de pais muito ocupados em dar atenção a seus filhos. Etc.
Não obstante tudo isso, as soluções também mudaram. A escola não pode mais suspender o aluno (este tem o direito de estar em ambiente escolar).
A escola deve ser bombardeada pela ONU se pensar em expulsar um aluno. Ah, mas tem o professor, esse sim vai dar um jeito!
Pode, mas com mínimas condições (coisa pouca, bobagem). 1. Nunca, mas nunca mesmo, fazer ameaças aos alunos. 2. Fazer de tudo (até questão de múltipla escolha com cabeçalho e letra "a" como opção "múltipla") para que os aprendizes alcancem o objetivo maior (a aprovação). 3. Se, em caso de ameaça a integridade física de um colega de aula, o aluno necessitar ser convidado a sair da sala, fazê-lo de forma a não constrangê-lo (e nem pensar em autorizar o professor a retirar um aluno que o esteja ameaçando). 4. Em hipótese alguma cometer suicídio em pleno ambiente escolar.
Mas a culpa é da escola, não tenhamos dúvida, é da escola!
Os pobres pais "não sabem mais o que fazer com seus filhos!". A escola tem que ajeitar as coisas.
Falta é LAR. E agora, para quem ainda não entendeu, começo a falar sério. Falta pai e mãe presentes e educadores. Não é na escola que se aprende a pedir licença, dizer obrigado, por favor, desculpa!
Podemos continuar jogando para os educandários as responsabilidades. Mas não teremos o direito de sermos hipócritas a ponto de nos chocarmos com cotidianos de violência extrema nesses ambientes. A criança (e o adolescente) repete na sociedade o que têm (ou não têm) em casa! Ponto.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Quem sou eu para ficar triste?

Offer - Alanis Morissette




Há muitos que enfrentam provas e espiações maiores do que qualquer ser humano relativamente normal aguentaria.
Cabe a nós, na medida de nossas possibilidades e desejos, auxiliá-los e lutar para minimizar suas dores.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Lula no Canal Livre

No último dia 05 de abril o Presidente Lula esteve no Canal Livre da Rede Bandeirantes. Pra quem conhece o político desde 1989 como eu, vê-lo falando atualmente é algo que mostra uma evolução política. Tá bem que podemos dizer que ele rasgou seus discurssos e mudou muitas opiniões. Mas também não podemos negar que os últimos anos da Administração Lula demonstram que o Brasil tem jeito. 
Expansão das Universidades Federais (quase privatizáveis no governo FHC).
Valorização da Indústria Naval (aqui em Rio Grande isso faz toda diferença).
Geração de Emprego.
Transferência de Renda (a forma tem que ser melhorada).
Crescimento do País como Importante no Âmbito Internacional.
Investimentos em Infra-Estrutura (BR 101 e o anúncio da duplicação da 116 - Pelotas/PoA, além da duplicação da 392 - Pelotas/Rio Grande).
Etc.

Bueno, se acham que estou fazendo campanha para a continuidade do governo atual. Acertaram. Por um fato bem simples - 8 anos de governo FHC e 8 anos de governo Lula.

Para um pouco de diversão e conhecimento vejam o vídeo abaixo e, se tiverem tempo assistam o Canal Livre no link no fim deste post.


Link para o Canal Livre da Band 

Ando tão a flor da pele que qualquer beijo de novela...

Então, Zeca Baleiro tem razão... quando estamos, por algum motivo, fragilizados, até beijo de novela nos faz chorar.
Bem que eu gostaria que fosse um melodrama tipo mexicano. Mas o que me fez chorar outro dia foi a triste situação dos moradores fluminenses. A dor, a perda, o desespero e a tristeza daqueles irmãos me trouxe uma consternação muito grande.
Mas, pensando melhor, agora com o distanciamento do ocorrido, tem algo muito legal que ocorreu naquele momento e continua ocorrendo. Não me interpretem mal. Continuo solidário a tragédia de nossos compatriotas.
Contudo, o que vi em algumas reportagens me deram uma renovação de esperanças quanto a raça humana. Um exemplo. Um homem, 40 anos no máximo, perdeu familiares, amigos, visinhos. Chorou sua perda e foi ao trabalho. Pés descalços, roupas molhadas da chuva, enxada na mão e a frase que resumia tudo: "não vou ficar chorando pelos meus mortos, vou trabalhar pelos vivos, ajudar no que puder" - a frase era mais ou menos essa, ou pelo menos a essência dela.
Este não foi o único exemplo. Trabalhadores que "abandonaram" o emprego para compartilhar a dor e o trabalho de resgate e recuperação dos danos. Cosinhas simples transformadas em quartéis-generais culinários onde preparavam-se quantias enormes de comida para alimentar bombeiros e voluntários. Bombeiros, policiais, médicos, enfermeiros, etc. que trabalhavam durante 24 horas consecutivas e, mesmo sem parentes, amigos, visinhos soterrados sofriam tanto quanto os atingidos.
Prestemos atenção em algumas coisas: primeiro, esse início de 2010 está sendo catastrófico em várias partes do mundo e, em especial no Brasil; segundo, tais catástrofes servem para despertar o que há de melhor no ser humano: solidariedade, caridade, auxílio descompromissado, etc.; terceiro, é tempo de dirigentes governamentais tomarem atitudes corajosas no sentido de prevenir tais desgraças.
Mas enfim, parece que o ser humano tem jeito ainda.

E o ser humano é MUITO capaz de produzir boas obras

 

Do que somos capazes pelo prazer de morar bem

Ontem realizamos uma saída de campo com os alunos do Bacharelado em História da UFPel para conhecer a Charqueada São João (a da Casa das 7 Mulheres da Globo) e parte do Arroio Pelotas.
Foi uma boa experiência. A casa está bem conservada e abriga um bom acervo. A visita guiada é boa e o ambiente é bem tranquilo, em que pese sua proximidade com o centro de Pelotas.
Quanto ao Arroio, bueno, sem querer ser chato, mas provavelmente sendo, o que vê-se é mesmo triste. Os barrancos estão assoreando. Duas grandes empresas estão a margem das águas e dizer que não poluem o ambiente é ser muito ingênuo. 
Mas o passeio é bem bonito. Não é por nada que o Arroio transformou-se em Patrimônio do Estado.
Agora, o que a conhecida Marina Ilha Verde está fazendo com o Arroio é incrível. No mínimo. A "intervenção" no local cria desvios no curso e marinas particulares para os "felizes" proprietários de imóveis no local.
Vale a pena conferir. É um belo exemplo de ação predatória do homem na natureza. Parabéns senhores!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Exemplo de incivilidade

Outro dia o jornal de maior circulação da cidade fez uma reportagem de caráter duvidoso sobre supostas ameaças a calouros dos cursos de História da UFPel. Usaram como fonte fragmentos do orkut e pronto, afirmaram que os veteranos da História queriam "ver sangue". Tudo desmentido, inclusive com a publicação de uma nota de esclarecimento por parte do Centro Acadêmico da História e do Moderador da página de relacionamento.
Pois bem, nem bem o assunto começou a esfriar (quase um mês se passou) e de lá até hoje encontro quase que diáriamente um pós-adolescente fedendo a uma mistura de ovo, vinagre, farinha e sabe lá Deus o que mais suplicando por moedinhas para sabemos bem qual fim (uma bebedeira homérica). Não vai aqui nenhum moralismo, eu também já tomei e, provavelmente ainda tomarei vários porres.
Num desses dias um menino me pede, num cemáfaro uns trocados. Digo para ele apenas que para aquele fim não, pois julgo que esse tipo de trote não é civilizado. Ponto. O que veio depois deu-me até pena: um casal em uma moto começou a bradar algo do tipo: "vai doar sangue", ao que o menino tentou explicar que já haviam feito e, mais, que as moedas eram para serem entregues a uma instituição de caridade. Sei!
Ao motoqueiro e sua carona solidarizaram-se outros motoristas que colocaram o pobre menino numa situação difícil de sustentar. Graças a Deus (ou ao sistema de trânsito) o sinal abriu e fomos embora. Mas certamente o menino deve ter ficado chateado.
Sei que alguns ainda acham legal essa coisa de sujar calouros e fazê-los mendigar por moedas que pagarão a bebedeira dos veteranos. Contudo, a meu ver, não é mais admissível esse tipo de atitude, esse nível de maus tratos. Se querem fazer um trote aí vão algumas sugestões: doem sangue; arrecadem alimentos e distribuam a quem necessita; passem uma tarde na Casa do Carinho brincando com as crianças; disponham de um tempo ouvindo os idosos que estão em asilos; vão a uma escola pública que precisa de um mutirão de limpeza; etc.
Querendo fazer o bem, sempre acharão uma maneira bastante civilizada.
É isso...

Faroeste do século XXI ou mais do mesmo.

Há algumas semanas assisti ao filme AVATAR...
Não sei se estou muito exigente ou se estou vendo de forma mais crítica esse desenho animado do século XXI...
Pronto, já destilei o primeiro veneno...
Mas, cá pra nós, Avatar é um faroeste do século XXI, uma reedição das lutas de neocolonialismo (conquista dá África, Legião Estrangeira, etc.)...
O diferencial está em que, com o nível politicamente correto de hoje, não é mais possível exterminar os índios e conquistar o oeste para o bem da civilização branca...
Mas vejamos: aqueles que vivem de forma integrada com a natureza não possuem o domínio da tecnologia (ainda lutam com instrumentos rudimentares); a civilização branca domina um nível tecnológico muito superior ao atual; mas no que diz respeito à questões do tipo morais, dessa vez o diretor e os roteiristas da película preferiram dar aos "brancos" uma cara de homens maus e aos "peles azuis" a delegação de características ditas civilizadas...
Enfim, não tem muito de novo no roteiro desse filme, em que pese a qualidade dos efeitos especiais, o que, para alguns desqualificam a interpretação e a essência do cinema...
Mas ok, vale a pena ver pelos efeitos e porque alguém consegue vencer, mesmo que na ficção, a empáfia estadunidense.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Soul da Silva - Mistério

Uma bela balada do amigo Balhego.

Vejam mais do trabalho desses guris em Soul da Silva

Sobre felicidade instantânea

Tem coisas na vida que nos produzem momentos de felicidade instantânea. 
Pegar na mão da namorada pela primeira vez.
Beijá-la então nem se fala.
Ver o sol depois de alguns dias de chuva torrencial.
Uma boa chuva no meio da tarde de domingo, num verão de 40 graus. Ainda mais se pudermos tomar um banho de chuva.
Mas, tem um momento desse tipo de felicidade que fica pra sempre. Um daqueles instantes que marcam tua vida e não te permitem ser o mesmo. Por mais reticente que sejas a mudanças.
É aquele momento em que o homem (ou a grande maioria deles) vira menino e se permite chorar, rir alto, dançar, ver nas pequenas coisas a beleza da vida.
Se não entenderam ainda qual esse momento, um conselho. Sejam pais. Ai compreenderão a intensidade desse "flash" único na vida de um ser humano.
Bueno, é isso. Só um pequeno depoimento.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sobre as boas melodias que o homem cria

Aceito todo tipo de crítica. Mas, em dados momentos, os seriados estadunidenses tem seus "dias de glória". Outro dia, zapeando chamou minha atenção essa música e essa cena do seriado ER. Impossível não se emocionar. Pelo menos eu acho. A primeira metade do vídeo é show.


domingo, 14 de março de 2010

Desfilando toda sua elegância


Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...

É por essas e outras que vale a pena continuar sorrindo...

Boa semana a todos...

sexta-feira, 12 de março de 2010

Viver melhor - Autor: André Luiz (espírito)

Todos queremos ser felizes, viver melhor.
Entretanto, ouçamos a experiência.
A felicidade não é um tapete mágico. Ela nasce dos bens que você espalhe, não daqueles que se acumulam inutilmente.
Tanto isto é verdade que a alegria é a única doação que você pode fazer sem possuir nenhuma.
Você pode estar em dificuldade e suprimir muitas dificuldades dos outros.
Conquanto às vezes sem qualquer consolação, você dispõe de imensos recursos para reconfortar e reerguer os irmãos em prova ou desvalimento.
A receita de vida melhor será sempre melhorar-nos, através da melhora que venhamos a realizar para os outros.
A vida é dom de Deus em todos.
E quem serve só para si não serve para os objetivos da vida, porque viver é participar, progredir, elevar, integrar-se.
Se aspirarmos a viver melhor, escolhamos o lugar de servir na causa do bem de todos.
Para isso, não precisa você acondicionar-se a alheios pontos de vista.
Engaje-se na fileira dos servidores que se lhe afine com as aptidões.
Aliste-se em qualquer serviço no bem comum.
É tão importante colaborar na higiene do seu bairro ou na construção de uma escola, quanto auxiliar a a uma criança necessitada ou prestar apoio a um doente.
Procure a paz, garantindo a paz onde esteja.
Viva em segurança, cooperando na segurança dos outros.
Aprendamos a entregar o melhor de nós à vida que nos rodeia e a vida nos fará receber o melhor dela própria.
Seja feliz, fazendo os outros felizes.
Saia de você mesmo ao encontro dos outros, mas não resmungue, nem se queixe contra ninguém. E os outros nos farão encontrar Deus.
Não julgue que semelhante instrução seja assunto unicamente para você que ainda se acha na Terra. Se você acredita que os chamados mortos estão em paz gratuita, o engano é seu, porque os mortos se quiserem paz que aprendam a sair de si mesmos e a servirem também.

Psicografia de Chico Xavier. Do livro Respostas da Vida.

Gostou? Então vá à fonte! O Espiritismo

quinta-feira, 11 de março de 2010

Das belas obras que o mundo criou...

"(...) Se o céu no que nós olhamos
Deva explodir e cair
E as montanhas devam se esmigalhar no mar
Eu não chorarei, eu não chorarei, não, eu não derramarei uma lágrima
Apenas se você ficar ao meu lado, fique ao meu lado (...)"


Não conheces esse trecho?
Então ouça... e muito alto!


Essa música sempre me alegra. Aquele pai, no começo do vídeo mostra que sempre é tempo de parar tudo e dançar desavergonhadamente com a filha.

Da mesma série (Playing For Change) vale a pena conferir :
One Love - Bob Marley
Don't Worry - Simple Plan

Nada deve parecer impossível de mudar

Curtas e Boas..

O que nos pune

Votar errado nos pune. Dar espaço a representantes que nos representam dizendo o que não pensamos nos pune. No link abaixo (me recuso a pôr o vídeo aqui pra não poluir meu blog) tem uma parte da audiência pública promovida pelo STF sobre a questão das cotas. A partir 32º minuto começa a falar nosso Senador Demóstenes Torres (DEMônios - GO / a sigla do partido já é uma piada pronta, não dá pra perder a oportunidade). Verborrágico e numerólogo (dá tanta informação estatística que até parece uma aula da matéria), a partir do 56º minuto do vídeo ele passa a falar das mulheres negras escravas e de sua forma de "aceitar" as carícias dos Senhores e Sinhozinhos. Pra ele não era estupro e sim um ato consentido. Entre outras tantas bobagens.


O pior é que esse cara realmente acredita no que fala. Como vivemos numa democracia, devemos exaltar o direito dele falar. Não podemos é nos furtar o direito de criticá-lo.
Independente do que pensemos sobre o atual sistema de cotas, é imprescindível que algum retorno social nesse sentido seja dado àquela parcela da população que durante muito tempo foi a maior responsável pela construção do país.

Porque há beleza no mundo

Poema do Menino Jesus



Fernando Pessoa

Mais do mesmo

Anteriormente falei da sofrimento da "pobre imprensa". Ficou faltando algo, anunciado naquele post. O que seria da imprensa se tivesse que noticiar o que há de bom?
Tá, eu explico. Usarei dois exemplos recentes e emblemáticos. Os terremotos no Haiti e Chile.
Conversando com um haitiano que estuda aqui na UFPel (agora foi pro Museu Nacional fazer doutorado), tive uma outra perspectiva do que estava realmente ocorrendo naquele país. Segundo ele, o terremoto devastou grande parte de Porto Príncipe (capital nacional). Mas foi isso. Não destruiu o país. Nem mesmo toda a capital. Por motivos mais ou menos óbvios, a grande imprensa trata do assunto, durante muito tempo e de forma muito repetitiva, dando ênfase ao que há de errado. A pobresa, a falta de estrutura, os saques, a "barbárie" daqueles "incivilizados". Nisso tudo tem preconceitos mil, inclusive o de cor da pele.
Por outra sorte, quando a grande imprensa (reproduzida até por jornalecos do interior do interior do país) trata do assunto Chile, adivinhe como é? Os saques, a falta de apoio do governo, um homem carregando uma geladeira, etc.
Não que essas informações não sejam importantes. Mas e se o destaque maior fosse para a solidariedade. A descoberta de sobreviventes. A retomada das normalidades. E tantos outros exemplos de normalidade e recomeço.
Uma vez ouvi a teoria de que nos noticiosos dá-se tanto espaço para o "ruim" para que nós fiquemos angustiados, tensos, preocupados. Isso vai nos deprimindo e nos leva a dois lugares (bem complementares, aliás): a geladeira e às compras. Sabe que isso não é de todo improvável!
Tem mais uma coisa. A necessidade desesperada em noticiar o "mal" nos formata. Quantas vezes nos pegamos buscando o que há de bom num fato? Estamos tão acostumados com o que há de ruim que nem mesmo tentamos modificar essas coisas. A política é tão ruim que não devemos nos importar com ela. Não vai mudar mesmo. Mas e os exemplos bons? Ora, o leitor já deve saber que bons exemplos são maus exemplos. Já pensou se o cidadão resolve cobrar uma boa atuação do político, policial, médico, professor, etc.?
Olha que para isso esse mesmo cidadão teria que comprometer-se com essa mudança. Então, quer saber, tá bom assim né. Não nos mexamos. Não mudemos nada. Aceitemos a formatação.
Ou não!

Sobre a pobre imprensa

Ultimamente, pelo tempo que tenho solito em casa, tentei prestar mais atenção aos noticiários. Então percebi algo que talvez escape aos olhos não tão atentos. A imprensa sofre.
Não é piada. Acho mesmo que eles padecem. Há um acordo tácito (ou escrito e registrado mesmo) de dar uma ênfase gigantesca aquilo que está ocorrendo de ruim na sociedade. Ocorre que, zapeando e buscando "novas" notícias, todos os telejornais e, no dia seguinte, os jornais impressos com suas versões na internet, falam sempre das mesmas coisas. É um tempão falando sobre o escândalo político (do que tudo já foi falado e bastaria uma nota pra dizer, por exemplo, "fulano continua preso"). Um tempão com a morte de algum desconhecido. Um tempão malhando algum buraco na rua ou entopimento de bueiros. Um tempão falando de alguma guerra, dando números de mortos, atentados, protestos, etc. Tá, notícias dadas, passemos pro próximo noticiário. Mesma emissora, outro jornal, algumas horas de diferença. As notícias são as mesmas. Nos jornais da noite. Idem.
Bueno, tem o dia seguinte. Ufa! Enfim um novo dia e "novas" notícias. Tudo igual de novo. Os fatos, a interpretação, a crítica, tudo igual.
Disso só posso depreender duas coisas - complementares, diga-se de passagem:
A primeira é que a grande imprensa é tão comprometida com o capital que não arrisca mudar sua pauta. Mudar significa um nível de risco ao qual não se está acostumado. Então fala-se sempre a mesma coisa, em todos os lugares e o tempo todo.
A segunda constatação é de que, talvez, ao contrário do que imaginávamos, não existam tantos "desastres" noticiáveis (vou falar mais disso noutro post). Está difícil achar "coisas ruins acontecendo" e que importem ao grande público. E como coisas boas não interessam tanto. Os noticiosos tornam-se repetitivos.
Por isso, e finalizando, tenho pena do casalzinho global. Como será que chegam em casa, encaram os filhos e sorriem, depois de tanto escremento social os circundando? A sim, eles ganham um pouco mais do que o salário mínimo, tem seus comprometimentos e podem passar uns dias na praia do Cassino, num quitinete, despoluindo a mente.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O abismo entre 1994 e 2010

O oscar 2010 vai para... piada né... que qualidade artística tem esse pseudo-documentário? A técnica de filmagem é bem legal. Imagens tremidas, ênfase ao detalhe, etc.
Mas onde está a sétima arte? Valorizar a guerra e o vício nela? Gosto duvidoso da Academia. Mas problema deles né?
Não, o problema não é deles. Grande parte do orçamento de um filme vai para a divulgação/imposição de um filme. Pra quem ainda vai ao cinema, só passam os filmes que são propagandeados aos quatro ventos. Então não é problema deles. Porque, ao "oscarar" Guerra ao Terror a Academia manda aos cinemas e emissoras de tv do mundo uma clara informação: "é esse filme que irá ser veiculado".
Então, por uma dessas armadilhas do destino, depois de ver o vencedor do Oscar 2010, zapeando cheguei à exibição de Forest Gump (vencedor do prêmio em 1994).
Aí o abismo se materializa e vemos o quanto a Academia anda perdida. Ou o lob bem feito. A beleza da fotografia e o cativante Gump (ingênuo, boníssimo, sortudo, simples, etc.) fazem da película uma obra prima.
Continua sendo cinema americano. Mas com outro tipo de informação. Pode ser enquadrado enquanto arte. E, em tempos de feiura e desesperança, toda forma de arte tem de ser valorizada.

Sobre Comprometimento...

Olhando para exemplos próximos ocorreu-me que o que realmente falta em sociedade é comprometimento. Estranho? Nem tanto. Vejamos:
O senso comum foge de comprometer-se com qualquer coisa mais do que fugiria do demônio (se ele existisse). Quantas mães jogam seus filhos na escola para serem educados. Não, não em disciplinas científicas. Educados nas primeiras noções básicas de vida. Respeito, solidariedade, empatia, simpatia, enfim, tudo que irá refletir-se numa sociedade mais humanizada.
Mais tarde essas crianças fugirão de comprometer-se com seu próprio futuro. Construirão formas de obterem um "diploma" (é assim que eles pensam) sem terem a menor noção do que estão fazendo no mundo. Até porque comprometer-se em compreender o mundo significa, talvez, revoltar-se. E quem sabe, pois em alguns casos funciona, revoltar-se signifique buscar melhorar as próprias condições de vida (COMPROMETER-SE, NÃÃÃÃÃOOOO!).
Pois é... a vida passa, eu telefono, e você já não... ops... não é isso... a vida passa e compreendemos a necessidade de comprometimento. E comprometemo-nos. Conosco mesmo. Ou alimentamos nossas frustrações, ou alienamo-nos, ou partimos pra luta em busca do tempo perdido (são raros estas últimas forma de encaram o comprometimento).
Não quero aqui passar uma idéia de pessimismo. Todos nós somos imperfeitos e, para aqueles que gostam de um carro caindo aos pedaços mas com um som caríssimo, alto e com música de gosto duvidoso, eu devo estar entre os mais chatos do mundo.
Ocorre que é mais fácil reclamar dos dirigentes do que comprometer-se com mudanças. O prefeito não limpa minha rua durante 3 anos e meio. Nos três meses antes da eleição "ele" passa lá três ou quatro vezes e até pinta o meio-fio (quando esse existe). O prefeito é legal, vou votar nele. E no dia 4 de outubro (ou 16 de novembro, quando tem segundo turno) eu começo a reclamar de novo. Isso me satisfaz. Tenho o que falar com os amigos (ou conhecidos, pois ter amigos significa comprometer-se com eles).
Aí vem o BBB(osta), a "tv que distrai todo mundo com a sua novela", o futebol (muito, mas muito mais importante que programas de governo na área da educação, saúde, segurança, etc.). Todos conhecem o nome dos BBB(ostáveis). Ou quase todos. Mas não sabemos direito nem a quem recorrer quando estamos com um problema na rua. Mas, sabe que isso até é bom. Não tendo o conhecimento para mudarmos o que está errado não precisamos nos comprometer com isso. Estamos "perdoados". Nossa ignorância (de ignorar, desconhecer, etc.) nos absolve.
Na Doutrina Espírita (em outras também), fala-se muito do livre arbítrio. Mas diz-se também da responsabilidade que ele nos impõe. E aí o ciclo se fecha. Não nos comprometamos com nada muito sério. Não tem problema. Mas aceitemos o que nos é imposto. Essa é a responsabilização.
Portanto, quando falarmos mal de algo, pensemos antes qual nosso nível de comprometimento para mudar aquilo. Em outras palavras ou aceitamos ou nos mexemos.
É isso...