terça-feira, 27 de julho de 2010

Tocando em Frente...

Porque também somos capazes de boas obras...



Cada um de nós compõe a sua história
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz... e ser feliz!

...

Para que ninguém esqueça! Para que nunca mais aconteça!

"Eu estou depressivo… sem telefone… dinheiro para o aluguel… dinheiro para o sustento de criança… dinheiro para dívidas… dinheiro!!!… Eu estou sendo perseguido pela viva memória de matanças, cadáveres, cólera e dor… pela criança faminta ou ferida… pelos homens loucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policial, assassinos…"

O trecho acima é uma parte da carta de suicídio do fotógrafo Kevin Carter (1960 - 1994), que em 1993 registrou a cena ao lado, ganhando o prêmio Pulitzer.

Penso ser improvável que, no momento em que escrevo esse texto, ou no momento em que você o está lendo, tal cena não esteja repetindo-se em algum lugar no hemisfério sul (talvez até mesmo no nosso quintal - metaforicamente falando).

Não escrevo para chocar, acusar-nos de complacentes, desalmados, desumanos. Veja bem a marcação do "nos", que me inclui na presente sentença. Escrevo para compartilhar uma esperança, talvez mais um desejo. Enquanto NOS preocupamos com nossas vidas pequeno-burguesas, nossas contas, dívidas, anseios de consumo, nesses mesmos lugares onde a humanidade mostra sua face mais cruel e medíocre, homens e mulheres dedicam suas vidas para minimizar o sofrimento e levar fé e vida aos tantos que necessitam.

Sei que nosso estágio evolutivo ainda permite que sejamos algozes e vítimas de realidades assim. Precisamos melhorar muito para chegarmos a um patamar minimamente humano (no sentido que gostamos de pensar que o termo tem). Mas isso é possível no dia-a-dia, em pequenas atitudes e gestos de caridade.

Seja compartilhando o que temos, no auxílio a entidades reconhecidamente sérias, no trabalho de limpeza de nossos abarrotados guarda-roupas, da distribuição farta de sorrisos e abraços, na busca constante por melhorarmo-nos a cada dia, estaremos concorrendo para a melhora do nosso ambiente e, consequentemente, na melhora da humanidade.

Quanto a imagem e o que ela fez ao seu produtor. Bueno, teve um cara que disse, há uns 2000 anos que "os escândalos são necessários, mas ai de quem os produzir" (mais ou menos isso). O pobre do Carter cumpriu um papel fundamental de denúncia de nossa hipocrisia enquanto povos civilizados do Ocidente, em que pese ter pago com a vida o cumprimento de penosa função.

Seja como for, trabalhemos como as formigas, dentro de nossas possibilidades para que, parafraseando grupos que lutam por justiça em relação ao regime militar no Brasil, "ninguém esqueça e que nunca mais aconteça".

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Milagre de Berna!


O que mesmo fazia ele, sentado sozinho dentro daquele vagão de trem? Rememorando os últimos meses, enquanto esperava o filho retornar do convívio dos campeões, descobriu naqueles dias a efetivação de um milagre.
O pai, a cruz, as lembranças. Aquele despedaçado homem via-se diante de si mesmo como nunca houvera feito antes. Buscava ali, frente ao altar com suas velas crepitantes e sua luz difusa, um sentido e muitas respostas. Encontraria um recomeço.
A lembrança lhe era vívida e doída. Sacado das profundezas seguras da terra fora jogado num conflito que lhe era desprovido de maiores significados. O frio, a fome, o perigo e o medo sim, esses compreendia bem. A liberdade atual, contraste de um longo cativeiro, mais concorria para a confusão dos sentidos.
Os últimos dias cobriam de tons cinzas seu olhar. O antes seguro provedor familiar tornara-se um peso na configuração do lar. Uma década e muitas mudanças. A filha lhe mostrava os traços da mãe. A mãe envelhecida pelo tempo e pelas agruras do dia-a-dia. O filho lhe afrontava. Era já um homem. Afeitos às artes musicais, ainda por cima desafiava-lhe com idéias comuns aos seus inimigos. Isso não podia admitir. Logo ele que tanto sofrera na mão dos “vermelho”. Mas também, o que tinha seu povo de perturbar aquela gente tão acostumada com o gelo? Pensava mesmo que o dirigente da nação esquecera-se de cuidar de seu povo, inebriado pelo álcool do poder.
Mas algo no seio familiar agredia-lhe mais o retorno. Partira sem conhecer que o tempo tinha esperas para entregar. O regresso lhe revelou outro rebento. Mocinho feito. Personalidade forte. Vontades próprias.
E aquela cruz lhe mostrando que somos todos falhos. E o alfinete da consciência lhe mostrando as falhas do retorno. O que mesmo estava a fazer no ambiente sagrado? De certo mais fácil seria o consolo da bebida. Mas tantas foram as dificuldades dos últimos anos que não criaria outra agora.
Absorto em seus pensamentos viu surgir a seus pés o manto negro que, ainda não sabia, lhe indicaria o caminho. A conversa fora longa. Cordial. Sincera. Não raros os momentos banhados por lágrimas que, por certo, não molhavam o rosto do padre. Um vez sim, o pastor de almas chorou. Foi quando ouvia a narrativa do exílio forçado e privado de liberdade do pobre homem.
Ao final, horas passadas, a esperança reencontrada e a certeza de que tudo seria diferente. Não por ter visto uma forma de modificar os seus. O padre mostrara-se alma caridosa e sábia, de modo que sem dizer, apontou o único caminho que lhe podia conduzir à paz. Compreendera no filho paroquial a dor da lembrança e o deslocamento do retorno. Sem muito falar foi conduzindo o diálogo pelo caminho que possibilitou àquele pai ver novamente na família um porto seguro. Seu mundo mudara muito na última década e ele haveria de mudar também.
Em casa as tensões começaram a diminuir, o cinza começava a transladar-se para tons mais vívidos e reconfortantes em sua vida. Os sorrisos multiplicavam-se e o sono já lhe era mais tranqüilo. Foi quando o momento inesperado apontou-lhe a possibilidade de conquista do herdeiro mais novo. Juntos, pai, filho e veículo emprestado foram atravessando a Alemanha rumo ao sul e, quase mil quilômetros depois, chegaram a Berna.
Aquele ano de 1954 havia sido mesmo estranho. A liberdade, vários reencontros, a dura readaptação e o recomeço. Os coelhos da discórdia. De modo que estar ali, defronte um estádio de futebol, vendo o filho fugir da chuva e, esgueirando-se por espaços improváveis, entrar na arena, até nem lhe parecia tão incomum assim.
As últimas horas de convívio tinham aproximado pai e filho e, ao regresso radiante do jovenzinho seguira-se um longo, afetuoso e libertador abraço. Pai e filho num novo começo, num momento de aceitação mútua que indicava um futuro certamente melhor.
Os acontecimentos seguintes empurraram-nos para o trem dos heróis. Hermut Rahn, Fritz e Ottmar Walter, os aplausos, as muitas cervejas e, como um passe de mágica, o retorno a solidão daquela cabine de trem.
Tudo ficou claro. Não havia dúvidas. Vivenciava um milagre. E embora todos estivessem convictos de que a ação divina dera-se com a vitória alemã sobre a estonteante Hungria, ele, e somente ele, sabia que o verdadeiro Milagre de Berna havia posto definitivamente o pai de volta ao convívio da sua família e de si mesmo.

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Gostou? Não entendeu nada? Quer saber mais? Acesse: O Milagre de Berna

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Amanhecer no Laranjal




Um nascer do sol é um espetáculo para tocar o caração de poucos. Os poucos que conseguem acordar de madrugada. Ou que ainda não foram deitar. Seja como for, essas imagens são do começo da manhã (não necessariamente o nascer do sol). Mas é Laranjal e um belo sol.
Para os que aqui não mais estão e sentem saudades... boa vista!

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PS.: As fotos são minhas!

Um dia de Fúria... na vida de DUNGA!!!

Dá até pra rir....



E FÚRIA neles....

terça-feira, 6 de julho de 2010

Veja o que pensa Eduardo Galeano sobre o futebol...

Galeano – É uma religião nacional. A única que não tem ateu. Somos poucos: 3,5 milhões. É menos gente do que um bairro de São Paulo. É um país minúsculo. Mas todos futebolizados. Temos um dever de gratidão com o futebol. O Uruguai foi colocado no mapa mundial a partir do bicampeonato olímpico de 1924 e 1928, pelo futebol. Ninguém nos conhecia.

Bela reportagem da ZH com fotos de Nauro Júnior e texto de Diogo Olivier. Quer saber mais? Confira os links!

É o que nos resta... enquanto ainda podemos

Já que não é pra nós, que seja para los hermanos celestes...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ainda sobre futebol e vida

O que dizer de uma seleção que ganha muito durante três anos mas perde um duelo que lhe vale a vida?
Nada! É só um grupo de atletas que representa as esperanças esportivas de uma nação! Não deve passar disso, pelo menos.
O problema reside no fato de dar-se muito valor aquilo que é uma parte da sociedade. Canais esportivos, programas intermináveis tentando achar culpados, fantásticos jornais nacionais brigando por audiências virtuais e fazendo tudo para vender seus produtos de intervalo.

Voltando a pergunda inicial. Não soa forte de mais a palavra "vida"? Tenho certeza de que isso saltou aos olhos de todos. Não? 
Pois bem, aí está o problema. Transformamos um esporte, que faz parte da, na própria vida. Na realidade, nossa compulsão por informações da seleção, da copa, dos jogadores, etc. nos mostra que estamos, na verdade, sendo reducionistas quanto ao mundo.
O esporte tem seu papel fundamental de criar oportunidades e exemplos de vitória (na vida). Mas o que importa mesmo é que tivéssemos todo esse entusiasmo nas demais demandas do dia-a-dia: saúde pública, educação, segurança, política, etc.
NÃO! Isso eu não quero! Me deixa ficar quieto tentando entender porque o evangélico não tá jogando bem. O que tem de errado na atitude do "anão". O que o carioca-mineiro fez com a mãe de seu rebento (ops, esse não foi pra copa).
Pensar dói. Pensar compromete. Pensar liberta!
Pensemos nisso...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre Seleção e Vida!

Há algum tempo algo me incomodava na Seleção Brasileira (de modo geral nos esportistas que representavam nosso país mundo afora). Hoje relembrei esse incômodo, mas de forma invertida.
Certo, eu explico! Nosso país tem inúmeros exemplos negativos (e a mídia ainda dá uma força repetindo-os a exaustão). Pois bem, ver todos os "trogloditas" do grupo Canarinho cantando (alguns fervorosamente) o Hino Nacional, sabendo a letra. Esse é um exemplo que devemos exaltar. Chega daqueles "galáticos" que nem sabem o nosso Hino, quem foram os "heróis" do futebol nacional... enfim, que não estão nem aí para o país que defendem.
De mais a mais, o simples fato do Dunga (um mal educado com carteirinha e tudo) não tem chamado um melhor atacante por conta de suas atitudes fora de campo mostra que o que importa mesmo não é apenas a conquista. O que importa é a vitória na vida e não apenas nos campos.
É bem verdade que alguns dos 23 eu também não chamaria... mas não sou o técnico e ainda não existe perfeição nas atitudes humanas.
De resto, a eliminação é para aqueles que estão no torneio. Faz parte da disputa. E agora podemos voltar a vida normal.
Força Brasil!