quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Crime!

Sorvendo um amargo, deparo-me a olhar uma luz no improvisado condeeiro ao fundo da sala.
São longos os minutos de devaneio. A ponto mesmo de fazer gelar o mate. Um crime!
Aquela vela solitária, sobre formas geométricas (um losango separando círculos, um côncavo, outro convexo), remete meu pensar a beleza de textos bem produzidos.
É a poesia presente em Roberto Carlos, Chico, Vinícius, Ramil (o Vitor, que tem qualidade) e tantos outros que me emudece a caneta. Torna sofrível um ato simples de escrita. Simples? Pois, por certo, nada de simples tem um processo que foge ao singelo ato de imprimir tinta à celulose.
O lume daquele pavio me faz recordar a tamanha qualidade em escritas que, utilizando-se apenas de fonemas, nos remetem aos sentimentos do autor. O "cálice" contra a ditadura, com todas suas possíveis interpretações. A "cavalgada" que reveste de poesia e aceitação a descrição de um ato sexual. O louco inventor que implora ao amigo a morte, posto que o frio lhe é pior castigo.
Mas nada disso nos impacta, se a luz do conhecimento de mundo estiver encoberta pelas trevas da ignorância e pela mesquinhez de pensamento. Sobretudo, nada, absolutamente nada disso tem significado se a cuia esfria e a alma gela com o descuido do cevador.
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* Texto criado para o curso de Leitura e Produção Textual, inspirado no exercício proposto pelo professor Luis Amaral, que consistia em observar uma vela acesa e escrever sobre a bucólica cena.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ai, Ai! Como não torcer pro Brasil?

Foto by Jack Koschier

Punta Del Diablo (Uruguai) 2005

Um belo feriado prolongado... frio, vinhos e várias Patrícias...

Sobre Bullyng

Muito vem sendo falado sobre essa prática quase "milenar" que envolve crianças e adolescentes em ambiente escolar. O que começa com um apelido, risos pelas costas, dedos apontados, etc. teve, há algumas semanas, o "ápice" de seu desenvolvimento: um jovem de 14 anos matou com um tiro um outro de 15.
Agora nos assustamos!
E se fosse nosso filho? Mas não apenas a vítima. Se o nosso filho fosse o assassino?
Bueno, vejamos algumas questões. Primeiro, esse nível de relações interpessoais que hoje tem um nome inglês ocorre na vida escolar há muito tempo: ou vai me dizer que nunca fostes apelidado ou apelidastes alguém? Alguns de nós até brigamos na escola e isso não nos matou.
Além da constatação anterior, não podemos negar as transformações que fizeram a geração anos 80 (em sala de aula) parecer ingênua. Um nível assombroso de informações. Uma liberdade extrema para fazer quase tudo em ambiente escolar (e fora também). Uma geração de pais muito ocupados em dar atenção a seus filhos. Etc.
Não obstante tudo isso, as soluções também mudaram. A escola não pode mais suspender o aluno (este tem o direito de estar em ambiente escolar).
A escola deve ser bombardeada pela ONU se pensar em expulsar um aluno. Ah, mas tem o professor, esse sim vai dar um jeito!
Pode, mas com mínimas condições (coisa pouca, bobagem). 1. Nunca, mas nunca mesmo, fazer ameaças aos alunos. 2. Fazer de tudo (até questão de múltipla escolha com cabeçalho e letra "a" como opção "múltipla") para que os aprendizes alcancem o objetivo maior (a aprovação). 3. Se, em caso de ameaça a integridade física de um colega de aula, o aluno necessitar ser convidado a sair da sala, fazê-lo de forma a não constrangê-lo (e nem pensar em autorizar o professor a retirar um aluno que o esteja ameaçando). 4. Em hipótese alguma cometer suicídio em pleno ambiente escolar.
Mas a culpa é da escola, não tenhamos dúvida, é da escola!
Os pobres pais "não sabem mais o que fazer com seus filhos!". A escola tem que ajeitar as coisas.
Falta é LAR. E agora, para quem ainda não entendeu, começo a falar sério. Falta pai e mãe presentes e educadores. Não é na escola que se aprende a pedir licença, dizer obrigado, por favor, desculpa!
Podemos continuar jogando para os educandários as responsabilidades. Mas não teremos o direito de sermos hipócritas a ponto de nos chocarmos com cotidianos de violência extrema nesses ambientes. A criança (e o adolescente) repete na sociedade o que têm (ou não têm) em casa! Ponto.