quinta-feira, 11 de março de 2010

Sobre a pobre imprensa

Ultimamente, pelo tempo que tenho solito em casa, tentei prestar mais atenção aos noticiários. Então percebi algo que talvez escape aos olhos não tão atentos. A imprensa sofre.
Não é piada. Acho mesmo que eles padecem. Há um acordo tácito (ou escrito e registrado mesmo) de dar uma ênfase gigantesca aquilo que está ocorrendo de ruim na sociedade. Ocorre que, zapeando e buscando "novas" notícias, todos os telejornais e, no dia seguinte, os jornais impressos com suas versões na internet, falam sempre das mesmas coisas. É um tempão falando sobre o escândalo político (do que tudo já foi falado e bastaria uma nota pra dizer, por exemplo, "fulano continua preso"). Um tempão com a morte de algum desconhecido. Um tempão malhando algum buraco na rua ou entopimento de bueiros. Um tempão falando de alguma guerra, dando números de mortos, atentados, protestos, etc. Tá, notícias dadas, passemos pro próximo noticiário. Mesma emissora, outro jornal, algumas horas de diferença. As notícias são as mesmas. Nos jornais da noite. Idem.
Bueno, tem o dia seguinte. Ufa! Enfim um novo dia e "novas" notícias. Tudo igual de novo. Os fatos, a interpretação, a crítica, tudo igual.
Disso só posso depreender duas coisas - complementares, diga-se de passagem:
A primeira é que a grande imprensa é tão comprometida com o capital que não arrisca mudar sua pauta. Mudar significa um nível de risco ao qual não se está acostumado. Então fala-se sempre a mesma coisa, em todos os lugares e o tempo todo.
A segunda constatação é de que, talvez, ao contrário do que imaginávamos, não existam tantos "desastres" noticiáveis (vou falar mais disso noutro post). Está difícil achar "coisas ruins acontecendo" e que importem ao grande público. E como coisas boas não interessam tanto. Os noticiosos tornam-se repetitivos.
Por isso, e finalizando, tenho pena do casalzinho global. Como será que chegam em casa, encaram os filhos e sorriem, depois de tanto escremento social os circundando? A sim, eles ganham um pouco mais do que o salário mínimo, tem seus comprometimentos e podem passar uns dias na praia do Cassino, num quitinete, despoluindo a mente.

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